Levantamento feito pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, mostra que o número de pessoas desaparecidas no ABC subiu 5,89% comparando o período de janeiro a agosto do ano passado, quando foram registrados 543 ocorrências, com o mesmo período deste ano que teve 575 desaparecimentos. Os números mostram também que aumentou o número de pessoas pretas desaparecidas, em 19,56%, mas brancos e pardos são maioria e representam perto de 87% dos casos os dois períodos. Também chama atenção o número de homossexuais que desapareceram; foram dois no ano passado e oito neste ano, alta de 300%.
No ano passado os pardos eram maioria entre os desaparecidos. Dos 543 boletins de ocorrência registrados de janeiro a agosto daquele ano 241 foram de pessoas pardas desaparecidas, 240 eram brancos, um indígena e o restante figurou no boletim de ocorrência como não informado ou não conhecido. Neste ano pessoas pardas desapareceram menos do que as brancas. Foram 233 partos contra 267 brancos; ainda foram registrados cinco desaparecimentos de orientais e nenhum indígena.
As pessoas pretas sumiram mais em 2024. A alta foi de 19,56%. No ano passado 46 boletins de ocorrência de pessoas pretas foram registrados no ABC entre janeiro e agosto. Neste ano já foram 55. Em 2023, do total de desaparecidos 8,43% eram pretos, neste ano eles representam 9,56%.
Perfil
Os solteiros são os que mais desaparecem e isso se repetiu nos dois intervalos de tempo pesquisados, porém o número de casados que sumiram em 2024 até agosto, aumentou 21,31% em relação ao mesmo período de 2023. Foram 61 pessoas casadas que sumiram no ano passado contra 74 neste ano. Entre os que vivem em união estável também houve aumento; de janeiro a agosto do ano passado foram 26 casos e neste ano 39, uma alta de 50%.
O perfil dos desaparecidos na região este ano, baseado na maioria dos casos é de homens brancos ou pardos, solteiros. Um alento na pesquisa é que o número de pessoas localizadas aumentou significativamente. Nos primeiros oito meses de 2023 foram 38 casos de pessoas localizadas, 7% do total de desaparecidos naquele período. Neste ano foram 114 pessoas localizadas, que correspondem a 19,82% do total.
Muitas das pessoas desaparecidas não são encontradas, outras infelizmente são localizadas sem vida. Caso de Mateus Marcos Silva, um jovem de 20 anos que estava desaparecido desde 20 de setembro. Seu corpo foi encontrado esta semana próximo à ponte do Rio Grande, na Estrada Guilherme Pinto Monteiro, nas imediações da linha férrea em Rio Grande da Serra. Um pescador percebeu um forte odor e acionou a Polícia Militar, que rapidamente chegou ao local e confirmou que o corpo estava em estado avançado de decomposição.
Cidades
As cidades que tiveram aumento de casos na região são: Mauá que passou de 89 casos em oito meses de 2023 para 116 casos, neste ano, alta de 30,3%; Ribeirão Pires, que passou de 30 casos no ano passado para 45 este ano, alta de 50%; Rio Grande da Serra de cinco boletins de ocorrência de desaparecidos de janeiro a agosto do ano passado para 14 neste ano, alta de 180% e Santo André que passou de 124 casos para 160, cresceu 29%. São Caetano teve exatamente o mesmo número de casos nos dois períodos, 22.
Diadema teve queda de 137 desaparecimentos em 2023 para 131 neste ano, queda de 4,37%; São Bernardo teve a maior queda de casos de desaparecimento, passando de 156 ocorrências em 2023. entre janeiro e agosto, para 114, uma queda de 26,9%.
O Plid é o Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos do Ministério Público do Estado de São Paulo. O Programa efetua um cadastro de desaparecimentos que usa e sistematiza dados de diversas fontes, assim auxiliando no processo de localização e/ou identificação de pessoas desconhecidas.
O Plid busca, ainda, desenvolver estudos e fazer apontamentos acerca do necessário desenvolvimento de políticas públicas voltadas à questão do desaparecimento de pessoas, bem como firmar convênios que demonstrem ser possível o aprimoramento das investigações de busca.
Embora o trabalho do Plid não substitua a apuração realizada pela Polícia Civil do Estado de São Paulo, é possível encaminhar casos para serem acompanhados de forma complementar. Para tanto, é disponibilizado um formulário de cadastro (veja abaixo) e há a possibilidade de envio de foto da pessoa desaparecida para publicação na rede social do programa.
Colaborou Amanda Lemos