Ativistas, moradores e professores da região vão entregar propostas de preservação e proteção do reservatório da Represa Billings para o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e para os candidatos às prefeituras das sete cidades. As ideias foram formalizadas durante o evento “ABC, para onde vamos?”, que ocorreu nesta terça-feira na USCS (Universidade Municipal de São Caetano), com a temática “Billings 100 anos”.
“Queremos que eles assinem isso como uma carta-compromisso. Pensar no centenário, que será completado no ano que vem, é discutir a importância do reservatório não só para o Grande ABC, mas também para a Zona Leste de São Paulo, para o Sistema Alto Tietê e para o Guarapiranga, pelo braço Taquacetuba. Além do fornecimento de água, ele é fundamental para a manutenção da temperatura e para garantir a umidade para a região”, diz a bióloga Marta Marcondes, coordenadora do Projeto IPH (Índice de Poluentes Hídricos) da universidade.
ambém participaram da reunião o professor de arquitetura Luiz Felipe Xavier, o advogado ambientalista Virgílio Alcides de Faria, a ativista Silvia Muiramomi, representante do Movimento Indígena Nhande Vae’eté ABC, e o coordenador do projeto “ABC, para onde vamos?”, Daniel Vaz.
“O reservatório só vai continuar com suas contribuições se efetivarmos as estratégias de proteção, principalmente das áreas de recarga. Temos que pensar no monitoramento e no levantamento de dados sobre a Billings, assim como focarmos na recuperação dos mananciais”, comenta Marta.
O debate foi vinculado ao projeto internacional “Fortalecimento de Capacidades para a Resiliência Local”, liderado no Brasil pela USCS, com o apoio da Norec (Agência Norueguesa para a Cooperação e Intercâmbio).
“Ainda temos uma grande quantidade de áreas com matas e água boa. Precisamos lutar contra a implementação do centro logístico à margem da Billings, no pós-balsa. Queremos fazer um movimento para que as pessoas entendam a relevância de não ocupar esses territórios. A preservação garante a nossa sobrevivência”, completa Marta.
Além de propostas que incluem o desmatamento zero, os especialistas indicam a necessidade de um olhar atento às considerações feitas pelas comunidades que vivem próximas ao reservatório, como indígenas e pescadores.
“Queremos o desassoreamento da área e a retomada de atividades náuticas como compromissos firmados na carta. A ausência de políticas públicas aos moradores do pós-balsa impacta nas oportunidades de emprego, cultura, saúde e lazer. A arquitetura é um instrumento que deve ser usado para viabilizar isso”, cita o docente Luiz Xavier.
Na última semana, foi noticiado que o Grande ABC está entre os locais com a pior qualidade do ar do mundo. De acordo com Marta, diante esse cenário, as discussões de preservação ambiental têm se tornado cada vez mais urgentes. Ela também ressalta focos de incêndio que ocorreram propositalmente no pós-balsa, em São Bernardo, assim como o fogo alto que saiu do polo petroquímico no fim de semana.
“Os ecossistemas têm um limite. Se avançarmos na destruição da vegetação, dos reservatórios, não vamos conseguir garantir o mínimo de bem-estar ambiental. Já estamos em uma região extremamente poluída, temos o polo e uma altíssima concentração de veículos. Caso ocorra mais perda de área de mananciais, teremos um aumento ainda mais significativo das síndromes respiratórias. Uma forma de reverter isso é a arborização. Esse cuidado é essencial tanto para a saúde física quanto a mental.”
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